fui olhar as estrelas hoje. fui olhá-las com a expectativa geladinha no peito de me maravilhar com o novo indecifrável do céu. levei esperança, sonhos e também um pouco de tristeza, que espera se alegrar, como quem pega um colchãozinho, travesseiro e lençol para se preparar, caminhando com sapatos de expectativas.
tantas vezes já olhei o céu. tantas vezes me consolei com o infinito das estrelas e suas histórias iluminadas de fantasias e possíveis inalcançáveis! muitas delas, tive na noite estrelada minha única consolação, sempre o céu e eu, só a só. olhar as estrelas é como esperar por algo surpreendente e mágico acontecer. a expectativa geladinha no peito. e na minha vida estou sempre esperando algo surpreendente e mágico acontecer. como se eu estivesse constantemente olhando as estrelas.
pois então, hoje fui, como de costume, olhar as estrelas. o céu e eu, só a só. direcionei meus olhos ao alto e fui logo falando baixinho pra mim o nome das constelações - órion, lebre, touro, cão maior, áries, cão menor, gêmeos, perseu, cruzeiro do sul, sagitário - desenhando com o olhar seus traços iluminados nas sombras do céu, separando-as com carinho aos sorrisos de encontrá-las lá como se elas só fizessem esperar pela busca dos meus olhos tristes e ansiosos. disse comigo minhas estrelas favoritas. sírius. aldebarã. belatrix. pollux e castor. planeta 9.
e o vazio e o vazio e o vazio e o vazio
não havia nada de novo ou lindo para procurar porque eu já conhecia minhas estrelas favoritas e esquecia sempre as que eu não achava interessantes. sobrava-me o vazio da minha solidão de repetir para mim eu mesma debaixo do céu, o céu e eu, só a só, como reflexos de infinitos escuros.
tudo isso porque não me basto eu toda e meu céu todo. tudo isso porque eu queria falar para você das estrelas. de mim. e saber de você suas estrelas e você.
como é seu céu?