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  • Foto do escritorsaturno

cartas minúsculas perdidas em espaços maiúsculos



11:11


hoje o dia está nublado e meu peito, tempestivo de solidão. sempre corro para as xícaras de café e as folhas em branco em busca do abraço de socorro que não posso encontrar em você. há mais do que uma rotina entre nós e me machucam todos os insuperáveis. tive que multiplicar as horas sem você e isso multiplicou as minhas lágrimas e o vazio nas salas da casa dentro de mim. perdi a gente no corte das palavras e achei longe nos finais da galáxia. minhas lembranças gritam te querendo aqui, porque esquecer dói demais, então eu choro pra aliviar a pressão da impotência em mim.


tudo que me resta sentir são esses recortes de saudade que amontoo aqui sem o cuidado de qualquer conjunção coesiva, porque nada une agora o que já foi. tive que multiplicar as forças para não te buscar onde não devo mais ir e me vi encarando a tela do celular e seu online que não é pra mim, que antes foi tanto a certeza de que você estava ali, só me esperando aparecer.


machuca estar sozinha e machuca estar sozinha sem você. machuca pensar que não te terei comigo de novo e ver que todos os sorrisos que você me trouxe se tornaram dores.

eu me olho no espelho e digo para mim o quanto vai doer, digo para aguentar, tento me fazer entender que é assim e tá tudo bem. mas meu reflexo grita de volta mandando eu ir me foder.


e quando coloco o peso da minha cabeça no travesseiro durmo acordada por hábito esperando sua mensagem e checo as notificações por toda a madrugada meio insone, meio apagada, o peito tremendo, meio morta, meio desesperada.


acordo sem bom dias e sem perspectivas de um bom qualquer, só o vazio de onde havia uma estrada e agora é só o desfiladeiro de um grande nada.


hoje o dia está nublado e a suavidade do céu chama pela voz do meu sangue, então eu deixo pingar nas escadas e escrevo cartas angustiada. ninguém nunca vai ler e é só mais um reflexo da mudez das minhas palavras.


já me disse para aceitar a sombra em que mora quem eu sou, mas não tenho achado força para nada. e feito girassol teimoso me estico em busca da luz de alguma companhia que me ajude a achar o sentido em me ser e possa me presenciar para fazer meu existir valer. depois fico só, em mim o frio que vem com a noite depois do calor do entardecer, o frio da minha pele onde já não há os toques de você.


é a dor de ficar sem permanecer. a dor de ser eu sem estar com você.

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